Foto: João Athaide
Filha do renomado Mario Zan, cantora e apresentadora do programa Aparecida Sertaneja (TV Aparecida) fala de sua vida e sobre a música raiz e sertaneja
Com uma trajetória repleta de experiências memoráveis, Mariangela compartilha conosco momentos emocionantes de sua carreira, desde suas apresentações marcantes na Sala São Paulo até a participação no Festival América do Sul, onde pôde reconectar-se com as raízes da icônica música “Chalana” – uma obra-prima de seu pai.
A cantora e apresentadora aborda a importância de preservar a obra de Mario Zan, que deixou um legado musical significativo para a música sertaneja. Mariangela também comenta sobre seu desempenho à frente do programa “Aparecida Sertaneja” na TV Aparecida, explorando seu comprometimento em manter viva a tradição musical em meio a um cenário musical em constante evolução.
Veja a entrevista, cheia de insights sobre a música sertaneja, as experiências multifacetadas de Mariangela Zan e a influência duradoura de Mario Zan na cena musical brasileira.
Mariangela, você participou de diversos programas de televisão e eventos culturais em todo o país. Qual foi a experiência mais memorável para você durante essas apresentações?
Foi em 2006, quando fui a Corumbá (MS) acompanhar meu pai, Mario Zan, para ele receber uma homenagem no Festival América do Sul e pude conhecer o local onde ele compôs “Chalana”. Eu até fiz uma foto com papai no mesmo lugar em que ele tinha uma foto em 1944. Foi bem emocionante!
Há dois shows marcantes na sua carreira: na Sala São Paulo, em 2004, acompanhada de orquestra, e no Festival América do Sul em Corumbá. Como esses shows impactaram sua carreira e quais lembranças especiais guarda deles?
O da Sala São Paulo foi incrível porque também era uma homenagem ao meu pai, com a banda da Polícia Militar paulista. O lugar estava lotado para homenagear Mario Zan e ele estava fazendo o que mais amava: tocar. E em Corumbá, como já citei, foi sensacional conhecer onde foi feita a música “Chalana” junto ao seu criador.
Além das apresentações, você esteve envolvida em iniciativas musicais e educacionais, como os shows nos (Centros Educacionais Unificados) – CEUs e no projeto Integrasom Universitário. Como essas experiências influenciaram seu trabalho e o que a motiva a participar desses projetos?
As apresentações nos CEUs da capital paulista mudaram a minha forma de viver e pensar, pois tive a oportunidade de conhecer as comunidades de São Paulo e suas rotinas, meninas que faziam o ensino médio no CEU e buscavam seus bebês na creche do mesmo, adultos que eram alfabetizados nos (Centros Estaduais de Educação de Jovens e Adultos) – CEEJAs. Então, convivi com uma realidade brasileira que me tocou muito. E poder levar alegria a essas pessoas foi muito gratificante. O Projeto Integrasom, da Universidade Estadual do Mato Grosso do Sul, foi bem bacana. Foram apresentações para os professores e corpo docente das unidades em todo Estado. Foi bem desafiador e muito gratificante.
Em 2009, você lançou um CD em homenagem a seu pai, Mario Zan. Pode falar mais sobre esse projeto e a importância de preservar e compartilhar a obra de seu pai?
Na verdade eu lancei esse CD em 1997, com ele me acompanhando na sanfona, e foi relançado em 2009. Esse trabalho foi uma forma de manter viva a obra musical de Mario Zan, com muito orgulho!
Desde 2016 você tem se dedicado a shows em todo o Brasil e a apresentação do programa “Aparecida Sertaneja”, na TV Aparecida. Como você equilibra as duas facetas de sua carreira e o que os espectadores podem esperar da atração em 2024?
Hoje o “Aparecida Sertaneja” é o principal foco da minha vida, pois tudo que sou hoje é fruto desse programa na TV Aparecida. Amo apresentá-lo e amo fazer shows. Dá sim para conciliar direitinho, já que nos finais de semana estou livre para viajar pelo país.
Como tem sido a experiência de estar à frente desse programa e qual o impacto que você espera alcançar com ele?
É sensacional! Ter um espaço na TV que nos possibilita lançar tantos cantores novos e também trazer outros já consagrados. Sou muito feliz por apresentar o “Aparecida Sertaneja”, e peço a Deus e Nossa Senhora Aparecida que me permitam continuar por muitos anos à frente do programa.
Seu pai, Mario Zan, deixou um legado musical significativo. Como você vê o papel de preservar e promover a música tradicional num cenário musical em constante evolução?
Se não mantivermos a tradição, as músicas serão superadas por essas de letras apelativas e melodias pobres. É essencial mantermos o romantismo, a essência sertaneja, senão o que será da música nas novas gerações?
Considerando a diversidade de eventos e locais em que você se apresentou, como essas experiências moldaram o seu estilo musical? Há alguma influência específica, além do seu pai, que você destaca em sua trajetória artística?
Cantei muito em bailes na época de meu pai e sempre tive gosto eclético. Hoje em dia eu canto desde repertório do tipo baile de Carnaval até show sertanejo, e faço apresentações onde o pessoal quer uma música mais ambiente, mais MPB. O artista tem que ser multifacetado, mas a experiência de vida e as histórias que ouvi me ajudaram a saber muito de histórias sertanejas. Sou curiosa e jornalista, né? Estou sempre procurando saber mais.
A música sertaneja é uma das mais ouvidas no país. Na sua perspectiva, qual a razão pela qual existem tão poucos programas dedicados ao gênero na TV brasileira?
Ah, sinceramente, me faço essa pergunta todos os dias. Não sei dizer, pois o retorno que temos do público que ama o programa e o espera com ansiedade semanalmente é imenso.
Você percebe uma grande disparidade entre a música raiz e o sertanejo contemporâneo?
Sim, principalmente nas músicas apelativas. Nas românticas atuais eu vejo uma grande semelhança com o bolero, o tchá-tchá-tchá, só mudaram o nome para sofrência.
Você tem algum projeto futuro que gostaria de compartilhar conosco? Algum novo álbum, colaboração ou iniciativa que esteja planejando?
Além dos shows por todo o Brasil, estou dedicada também às viagens que faço com o pessoal que curte meu trabalho, o “Viaje com Mariangela Zan”. A primeira será em Poços de Caldas, agora em março de 2024. Vamos?
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