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Cantor fala sobre música, televisão e o caminho de volta às raízes

Entrevista exclusiva: Dos palcos do forró à tela da TV: Conheça mais da jornada de Frank Aguiar

Foto: Davi Barbosa

Cantor fala sobre música, televisão e o caminho de volta às raízes

Frank Aguiar soma mais de três décadas de carreira e uma marca expressiva de 15 milhões de discos vendidos. Mesmo com tantas conquistas, segue em movimento, equilibrando turnês nacionais com a apresentação semanal do programa Aqui Tem Nordeste, na TV Aparecida, que acaba de completar seu primeiro ano.

Em entrevista ao Festanejo, o cantor falou sobre sua infância no interior do Piauí, os desafios enfrentados no início da carreira e a relação afetiva com o público que o acompanha desde os tempos dos CDs até o cenário digital atual. Também comenta a responsabilidade de representar a cultura nordestina em rede nacional e a vontade de retornar às origens no futuro.

Com voz marcante e presença constante na cena musical, Frank compartilha histórias de bastidores, reflexões sobre o mercado e o prazer de abrir espaço para novos talentos. Uma conversa direta com quem construiu sua trajetória sem perder a ligação com o lugar de onde veio. Confira a entrevista.

Frank, o programa Aqui Tem Nordeste, da TV Aparecida, completou um ano no ar. Quem teve a ideia de criar esse projeto e quais histórias marcaram esse primeiro ano para você e para a emissora?

A ideia partiu dos dirigentes da emissora e eu achei maravilhosa. Belas histórias são contadas no programa e é importante que seja exibido no país todo. A TV Aparecida já tinha programas com outras características, outras regiões, mas o nosso defende a cultura do Nordeste, também tão característica de São Paulo, Estado onde fica a sede do canal e que tem milhões de nordestinos. E esse povo se sente agraciado em ver pela televisão essa cultura maravilhosa, pois faz com que todos se sintam em casa.

O que o público pode esperar do programa em 2025? Vêm novidades por aí?

Em 2025 vamos manter as características do programa, com toda a diversidade cultural, como a música, quadros de culturas diversas lá do Nordeste. Além disso, frequentemente recebemos bons chefs com a culinária nordestina. Mas teremos algumas novidades, sim, após o segundo semestre, que preferimos divulgar mais para frente, após as festas de São João.

Você tem muitos shows pelo Brasil. Como consegue conciliar a rotina intensa de apresentações com a gravação semanal do programa?

Sim, eu faço bastantes shows pelo Brasil todo e geralmente são nos finais de semana. Mas quando acontece de eu ter show numa terça-feira, dia do programa ser exibido ao vivo na TV Aparecida, a gente grava na semana anterior. Mas para mim é um grande prazer e alegria fazer essa viagem toda semana da capital paulista, onde moro, para a cidade da Mãe Aparecida, me sinto muito bem acolhido. No geral, estamos conseguindo conciliar bem, está dando certo.

Você já vendeu mais de 15 milhões de CDs, mas hoje quase não se comercializa mais esse formato. Na sua visão, como é possível viver de música nos dias de hoje?

É verdade! Tive mais de 15 milhões de CDs vendidos naquela época que tinha o disco físico, desde a época do LP… Mas hoje é tudo digital, on-line, facilitou muito o acesso. Mas, na verdade, a principal vida do artista, a arrecadação, sãos os shows.  Faço muitos shows, levando alegria e defendendo o meu dinheirinho sagrado. Estou contente, feliz e superando todas essas novas ferramentas que vem por aí.

Apesar de ainda jovem, você já tem uma longa trajetória na música e inclusive ajudou a lançar nomes como Simone e Simaria. Como é, para você, abrir espaço para novos talentos? Você sente que está retribuindo as oportunidades que recebeu no começo da sua carreira?

É muito prazeroso a gente abrir espaço, dar oportunidade para tantos talentos no Brasil, como foi o caso de Simone e Simaria, que ficaram sete anos comigo como backing vocal e hoje elas têm uma história muito linda. Isso me faz muito bem.  Até porque eu tive também oportunidades com empresários, de pessoas incentivadoras, que me abriram portas, e isso ajudou muito a minha trajetória. Esse ano faço 33 anos de carreira, muito bem-sucedida e ainda vivendo da música. Isso é muito bom!

Você é de Itainópolis, no interior do Piauí. Como foi sua infância por lá? E como tomou, aos 15 anos, a decisão — na época não aprovada pelos seus pais — de ir estudar música em Teresina?

A minha infância foi muito feliz lá, em Itainópolis, no Piauí, onde brinquei, estudei, vivi uma vida que uma criança merece viver… Fui muito amado e bem-educado pelos meus pais. Chegou minha adolescência, os 15 anos, parti para a capital para estudar, me preparar. Porque eu acreditava onde ia chegar com um nível de conhecimento e instrução mais elevados. Tive dificuldades para pagar uma escola particular, de Jesuítas, mas me preparei para viver o que hoje estou vivendo. E faria tudo de novo, com todo o esforço. Querer é poder, realizar é você confiar, acreditar, ter fé e disposição, porque esperar cair do céu não eleva. E estou vivendo muito feliz esse momento que me mostra ter valido a pena tudo o que eu passei.

Quem são suas maiores inspirações para seguir a carreira musical?

Sem dúvida, minha maior inspiração é Luís Gonzaga, que foi o primeiro artista que eu assisti cantar ao vivo. Os primeiros acordes que eu dei foi da música dele. Vendo meu pai tocar sanfona, músicas de Luís Gonzaga, me inspirou muito.

Você interpreta muitas canções do sertanejo raiz. O que mais te atrai nesse estilo musical?

Além do forró eu também interpreto, nos meus shows, o sertanejo raiz, que são músicas brasileiras, que contam histórias regionais, ou o verdadeiro amor. Priorizo músicas que não trazem sentidos contrários, dúbios. Eu seleciono um repertório com mensagens positivas para interpretar. Adoro o ritmo de seresta, que eu interpretei antes de ser forrozeiro. Mas além do forró, que eu amo, que está nas veias do meu segmento, não posso negar que também adoro o sertanejo raiz.

Em 2006, você foi homenageado no Carnaval paulista. Foi ali que percebeu que seu sucesso havia ultrapassado as fronteiras do Nordeste?

Em 2006 eu me formei em Direito, pela Universidade Paulista, e foi o ano que fui homenageado pela escola de samba paulista Tom Maior. Foi maravilhoso, e na época eu pedi que dividissem um pouco aquele enredo com o Estado do Piauí, onde eu nasci. Ali eu já estava vivendo o auge da carreira em todo o país, mas alguns anos antes foi quando aconteceu a grande revelação do Frank Aguiar pra o Brasil todo.

Depois de tanto sucesso, o que ainda falta realizar na sua carreira?

(rs) Olha, depois de todo sucesso, o que mais sonho em realizar é voltar para a minha terra, no Nordeste, no meu amado Piauí. Morar num lugar no interior, de preferência em um sítio, na roça, que já tenho lá me esperando. Eu diria que além das coisas que quero realizar – digo que um vivo que não sonha é um vivo morto – quero voltar para a minha terra. Adoro São Paulo, ao qual sou muito grato, mas acredito que esse desejo ainda vou realizar, de morar lá.

Como você enxerga a responsabilidade de representar a cultura nordestina em rede nacional?

Encaro essa responsabilidade de apresentar na TV Aparecida o programa ‘Aqui Tem Nordeste’ para os nordestinos com muito respeito, muito amor. Tenho muito orgulho de ter nascido no Nordeste… Eu nunca perdi as minhas origens, o meu sotaque. Eu adoro aquela gente, com sua cultura, bravura, então é muita responsabilidade. A gente tem que ter todo cuidado em se apresentar, se comunicar, porque é um povo que tenho orgulho de ser irmão. É uma região riquíssima, maravilhosa, em todos os sentidos, é Brasil.

Qual foi o momento mais desafiador da sua carreira — e como você lidou com ele?

Acho que o mais desafiador da minha carreira foi a partida, àquela hora que eu tive que deixar as minhas origens, tudo que existia meu estava lá, minha família, o meu torrão, meus costumes, e partir para a cidade grande em busca de realizações, sem saber o que eu ia encontrar aqui, de como seria desafiador, e foi. Mas superamos tudo e foi muito além do que naquele momento eu acreditava realizar. Por tudo isso, sou muito grato e faria de novo se tivesse que fazer essa escolha hoje.

Tags: Aqui Tem Nordeste | Destaques | entrevistas exclusiva | TV Aparecida
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