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Para a VP de licenciamento e agenciamento de talentos e membro da
Abral, os artistas sertanejos podem ir além dos palcos para fortalecer sua
imagem no mercado e garantir renda a longo prazo
Em entrevista para o Festanejo, a VP de licenciamento e agenciamento de talentos e membro da Abral (Associação Brasileira de Licenciamento de Personagens e Marcas), Fernanda Abreu, fala sobre um aspecto ainda pouco explorado por muitos artistas do gênero sertanejo: o licenciamento de produtos.
Ela explica como essa estratégia pode não apenas fortalecer a marca pessoal dos artistas, mas também abrir novas frentes de renda e oportunidades no mercado.
Apesar do imenso potencial econômico do sertanejo, a maioria dos artistas ainda foca principalmente em shows e performances ao vivo. A VP ressalta a importância de olhar além dos palcos, considerando o licenciamento como uma forma de garantir uma renda contínua.
Leia a entrevista completa e descubra as perspectivas e estratégias que podem revolucionar o mercado sertanejo.
1- Na área dos sertanejos, que envolve muito dinheiro, não vemos tantos produtos licenciados como deveria ter. Por que acha que isso ocorre?
O sertanejo é um segmento artístico, com shows e músicas, considerado uma área muito promissora, onde há uma grande circulação de dinheiro e os próprios cachês são muito altos. Para os artistas, o licenciamento nesse universo é uma estratégia de branding, com o objetivo atender os fãs e criar produtos de suas próprias marcas pessoais. Isso significa que, mesmo que eles não estejam fazendo shows, estão fortalecendo sua imagem no mercado e garantindo renda a longo prazo.
Eu entendo que, hoje, o foco dos artistas é a realização de shows e, por isso, acabam não olhando para esse modelo de negócio. Entretanto, acredito que o licenciamento abre portas para muitas oportunidades no segmento, pois o número de fãs é significativo e daria para desenvolver diversos projetos grandes. Ressalto, ainda, que a ideia do licenciamento desses produtos poderia não estar necessariamente em pontos de vendas tradicionais e sim em lojas oficiais ou em parceiros que consigam se conectar com a comunicação deles.
2- Os sertanejos também são influenciadores. Hoje, alguns deles, estão trabalhando com os produtores do agro. Acha que essa aproximação pode render mais?
Faz sentido os artistas serem influenciadores de marcas de terceiros, que estão diretamente ligados com o mercado de agronegócio e com o tipo de comunicação com seus públicos-alvo. Porém, eu acredito que seja possível trabalhar paralelamente o licenciamento, a partir da criação de suas próprias marcas, já que não é o mesmo investimento.
A marca paga para os sertanejos fazerem “publis” e posts por algumas estratégias ou valores, e o licenciamento permite o lançamento de produtos, venda de royalties e um negócio mais a longo prazo. Na minha opinião, faz todo sentido os artistas continuarem com as “publis” e se comunicarem com as marcas que estão no segmento como influenciadores, mas também é importante terem produtos de suas próprias marcas para os fãs.
3- Vemos vários cantores que se juntam a outros numa colaboração entre eles para atingir maior público associado. Acha que deveriam ter um profissional da área de collabs para fazerem melhor?
Esse é um grande negócio. Se têm o mesmo perfil, se os públicos são parecidos, se os posicionamentos são iguais e se a ideia tem sentido para ambos, o que tem entre eles é um tipo de collab. Agora, se é apenas o sertanejo com uma marca, é um processo de licenciamento ou uma “publi”, e também é fundamental que a empresa tenha sinergia com o artista.
4- Qual sua visão para que os cantores sertanejos aproveitem melhor a sua influência pública?
A minha visão é que tem que aproveitar mesmo a sua influência, para que seja possível fazer coisas que tenham coerência com o seu posicionamento. Não acho que precisa estar sempre em qualquer lugar e fazer qualquer coisa, é necessário ter sentido e estratégia.
5- Quando se fala em música, cada vez mais tem seu faturamento nos shows e não mais em vendas de mercado. O que fazer para que os shows sejam alavanca para vendas de produtos próprios?
Não acho que a fonte de renda dos artistas seja só o resultado dos shows, com certeza é a maior, é a origem do negócio deles, porém, além da parte financeira, investir em uma estratégia de marca permite que você trabalhe em várias frentes e alcance novas oportunidades. Hoje, por exemplo, os streamings estão pagando bastante e tem muitos músicos que recebem uma rentabilidade a partir de projetos nesse tipo de plataforma. Por isso, destaco que é preciso olhar sempre a longo prazo, para que a marca se fortaleça independente de shows ou não.
O licenciamento permite que você esteja em contato com o consumidor e entenda o que ele quer. Em épocas de turnê e lançamentos de música, por exemplo, existem maneiras de desenhar estratégias focadas em produtos relacionados a determinados álbuns e músicas.
Outro ponto legal do licenciamento que podemos ressaltar é que, internacionalmente, existem bandas que nem existem mais e cantores que já se foram, mas as suas rentabilidades se mantêm por meio de produtos, músicas, shows licenciados, eventos e coisas relacionadas à marca. Por exemplo, Elvis Presley.
6- Acha que o feminejo se fortaleceu justamente por ter um grande entrosamento entre as cantoras contemporâneas e que deveria ter outras ações para aproveitar o movimento?
Pelo mercado ser muito dinâmico, existem diversas possibilidades que um artista pode fazer pelo seu fã, além do show tradicional, como exposições e imersões interativas em shoppings, museus e parques. É possível, com essa estratégia de se juntar com outros cantores e marcas que tenham sinergia, realizar projetos sensacionais e inovadores no segmento.
Comentários sobre o setor
O Brasil está entre os seis países com maior faturamento em licenciamento de marcas do mundo. Estados Unidos, Japão, Inglaterra, México e Canadá estão entre os mais expressivos. Além disso, não há uma pesquisa oficial que confirme esses números do setor, mas, no Brasil, é estimado que existem cerca de 800 empresas licenciadas, 700 licenças disponíveis, das quais 80% são estrangeiras, e 50 agências licenciadoras. Esse mercado ainda gera, aproximadamente, 1500 empregos diretos e milhares de empregos indiretos.
Os principais benefícios do licenciamento é o reconhecimento do público, diferenciação em relação aos concorrentes, rentabilidade através de margens mais altas pela força da marca, entrada facilitada nos canais de distribuição e fortalecimento da marca. Vale ressaltar, ainda, que os segmentos que mais utilizam licenciamento são confecção, papelaria, brinquedo e personal care.
Fonte: Abral (Associação Brasileira de Licenciamento de Personagens e Marcas).
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