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Cantor, agitador e fenômeno digital que une tradição e inovação
Na música caipira, todos conhecem Paulo Leite. Além de ser cantor, ele se destaca como um verdadeiro agitador do gênero, levando seus shows por todo o interior do Brasil.
Conhecido por ter uma voz idêntica a de seu ídolo, Sérgio Reis — que o convidou para gravar a música “Minha Sogra Vai Chegar”, de Carrerito e Muniz Teixeira —, Paulo Leite conquista também as redes sociais, como o TikTok, com suas frases marcantes e performances vibrantes.
Sua atuação constante na divulgação da música caipira e da viola reforça seu papel de destaque no cenário sertanejo. Desde os 12 anos, este cantor de raiz nunca se afastou do universo caipira, sendo respeitado pela comunidade sertaneja por seu jeito simples e amigável, que continua a conquistar novos fãs.
Nesta entrevista exclusiva, teremos a oportunidade de conhecer melhor a trajetória de Paulo Leite e o inusitado encontro com Sérgio Reis, que mudou sua vida.
Você começou como cantor aos 12 anos em 1983. Como foi esse início?
Como todo artista que inicia sua carreira, me apresentava em eventos do bairro, depois comecei a me apresentar em alguns clubes que realizavam shows todas as semanas, como a ABAS – Associação Brasileira dos Artistas Sertanejos – que está em atividade até hoje na cidade de Osasco. E me apresentava também no Clube São Bento, no bairro de Pirituba/SP.
Sua família sempre o apoiou?
Sim, sempre. Meus pais foram os meus maiores incentivadores. Meu pai, como costumo dizer, sonhava mais do que eu em conseguir viver da música. Era a nossa grande paixão. Meu pai viajou por mais de 20 anos comigo.
Quem te ajudou no início para que conseguisse participar de shows e depois, em 1986, entrar para o Grupo Os Maracanã?
Tive dois grandes amigos na música que me ajudaram no início da carreira e com quem tive a alegria de conviver por toda vida. O Sanfoneiro Zé do Fóle, que ao lado de Zé Fortuna e Pitangueira formaram o Trio Os Maracanãs, e os cantores Cacique e Pajé, com quem viajei por muitos anos.
Por que abandonou a carreira para trabalhar na vida pública? E por que voltou mais recentemente a cantar?
Viver de música é uma arte. Após 10 anos trabalhando diariamente com a música e já com dois discos gravados e centenas de shows realizados, eu vivia com as mesmas dificuldades do início da carreira. Tudo que ganhava precisava aplicar novamente na música. E depois de três anos de muito trabalho, gravei o meu terceiro discos. Só que para minha infelicidade, a gravadora que estava realizando esse projeto aplicou um golpe e desapareceu com o investimento, com o material que já havia produzido. Eu decidi naquele momento que não iria mais trabalhar com a música. E passei então a exercer a minha profissão de advogado.
Em 2020, após um dia de trabalho, recebi uma ligação de um amigo, Batista Alencar assessor do cantor Sérgio Reis. Ele me pediu que ligasse a TV e colocasse no programa da apresentadora Luciana Gimenez, pois o cantor Sérgio Reis estava falando de mim.
Não compreendi, porque não conhecia o Sérgio Reis, e dessa forma não entendi o que estava falando de mim.
Para minha alegria, ele contou uma história, que havia recebido um CD meu e que ao ouvir pensou que fosse ele cantando, inclusive, sua esposa também confundiu as vozes perguntando quando o Sérgio havia gravado aquela música que ela não conhecia.

Muitas pessoas ainda não conhecem sua história com seu ídolo Sergio Reis. Pode contar como foi que aconteceu?
Após essa fala do Sérgio Reis nesse programa de TV, ele pediu para me conhecer. Esse que era o meu grande sonho havia se realizado. O conheci, e por sua generosidade o sonho tornou-se maior do que havia sonhado. Gravamos juntos, fizemos um clipe, gravamos programas de TV, fizemos shows juntos e para minha imensa alegria tornei-me seu amigo.
Agora você gravou a música “Minha sogra Vai Chegar”, conte como foi esse convite dele.
O Sérgio me convidou para gravar a música que eu havia gravado e que pensou ser a voz dele. Cheguei a dizer que se ele gravasse essa música seria um grande sucesso com ele. E ele me disse que não queria gravar ela sozinho, mas sim comigo.
O que acha da música sertaneja atual?
A música, assim como todas as outras atividades, passa por transformações, novos arranjos, composições alinhadas com as tendências atuais, e a música é assim. Sempre houve mudanças em algum momento. Existem muitos bons artistas no cenário atual.
E sobre o feminejo? Antes de existir esse nome “feminejo”, as mulheres já batalhavam no sertanejo por meio da música raiz. Como viu essa mudança para essa nova geração?
Quando iniciei na música sertaneja nossa grande artista era a Nalva Aguiar. Aí surgiu a cantora Roberta Miranda, que causou uma grande revolução no mercado sertanejo por meio da música de sua interpretação e de suas letras. Hoje o mercado sertanejo mostra-se totalmente aberto às cantoras e duplas femininas. Que aliás são maravilhosas e têm feito uma nova revolução na forma de falar com o público. Mostrando o emponderamento feminino presente em suas letras.
E como está sua carreira, shows e novas músicas neste 2025?
Esse ano desejo realizar um projeto que alimento há muitos anos. Fazer um CD apenas com músicas raiz. Tenho me dedicado a essa pesquisa há muito tempo e acredito que esse projeto será muito bem aceito pelo público. Irei gravar músicas que foram gravadas por Liu e Leu, Zico e Zeca, Pedro Bento e Zé da Estrada, entre tantos outros grandes ídolos de nossa música.
Acha que o sertanejo raiz pode conquistar mais jovens? A Bruna Viola mostra que esse público existe.
Tenho absoluta certeza. A música raiz tem um público fiel que tem sido ampliado ano a ano. E muitos novos artistas têm surgido no cenário musical realizando um excelente trabalho
Qual sonho ainda não foi realizado?
Meu sonho ainda não realizado é ter uma música reconhecida nacionalmente.
Iniciei minha carreira aos 12 anos com a dupla Cacique e Pajé e fiz meu primeiro show em Limeira, São Paulo. Atuei em cidades do Centro-Oeste e na capital paulista. Em 1986, o sanfoneiro Zé do Fole convidou-me para integrar o conjunto “Os Maracanãs”, com o qual realizei turnês por São Paulo, Minas Gerais e Mato Grosso do Sul durante quatro anos.
Em 1991, gravei meu primeiro disco pela gravadora Tocantins, regravando “O Canto da Araponga”, música que passei a ver em diversas emissoras de rádio e TV. Fui contratado pela COSESP para promover a canção em shows por todo o estado durante três anos. Em 1993, gravei meu segundo disco com belíssimas canções; contudo, a gravadora enganou vários artistas e não lançou este trabalho, considerado o meu mais bonito. Com 10 anos de carreira e desiludido, abandonei a música e dediquei-me à advocacia, profissão que mantenho até hoje.
A paixão pela música permaneceu; a saudade da estrada, dos amigos e das cantorias impulsionou meu retorno com um novo trabalho, que inclui as canções “Viola e Cantador” e “Sonho de Caboclo”, já executadas em muitas cidades.

