Imagem: José Alberto Lovetro (Jal)
Em meio às modas de viola e às tradições sertanejas, o Saci Pererê nos lembra da riqueza do imaginário rural brasileiro, convidando-nos a misturar lendas e celebrar nossa cultura no Dia das Bruxas
No universo sertanejo, tão rico em histórias e tradições, o folclore brasileiro encontra espaço para brilhar ao lado das modas de viola e dos causos do interior. Assim como as músicas sertanejas trazem a essência do campo, das raízes e da cultura popular, o Saci Pererê é uma figura que também carrega essa herança, representando o imaginário rural brasileiro com sua travessura e resistência.
Dia 31 de outubro é Dia das Bruxas e, no Brasil, essa data é também o Dia do Saci Pererê. Enquanto o Halloween ganha cada vez mais força por aqui, a figura travessa, de uma perna só, com gorro vermelho e cachimbo nos lembra que temos uma cultura incrível para valorizar e compartilhar. Neste Dia do Saci, podemos aproveitar para relembrar nossas próprias lendas e misturá-las ao sertanejo, valorizando a nossa cultura com o mesmo orgulho que valorizamos nossas músicas.
“O Saci é muito mais do que um personagem engraçado. Ele carrega a astúcia, a irreverência e a resistência, que são características muitas vezes associadas às classes populares e aos marginalizados. Sua história é um verdadeiro símbolo da mistura cultural do Brasil, com raízes indígenas, africanas e portuguesas. Em resumo, ele é a cara da nossa diversidade”, explica a psicopedagoga e escritora, Paula Furtado.
Que tal misturar as tradições?
Para a escritora, não é preciso ter que escolher entre os doces ou travessuras e o Saci. Ninguém precisa deixar de brincar, se fantasiar ou se divertir com o Halloween. O que Paula propõe é uma reflexão: por que deixar de lado nossos personagens folclóricos, como o Saci, em favor de uma festa importada? “Podemos sim abraçar as brincadeiras, mas também valorizar aquilo que faz parte da nossa história, reforçando nosso sentimento de pertencimento e identidade cultural”, enfatiza.
É nesse contexto que o livro Folclore Brasileiro com a Turma da Mônica, de sua autoria, se torna uma ferramenta importante para pais, educadores e crianças. A obra vai além de simplesmente apresentar figuras folclóricas: é um verdadeiro manual repleto de atividades como adivinhas, trava-línguas, parlendas e brincadeiras. “Essas atividades não apenas divertem, mas também funcionam como poderosas ferramentas de ensino, resgatando tradições e promovendo o envolvimento com o nosso rico folclore de forma lúdica”, diz a profissional.
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Celebrar o Saci e o folclore brasileiro como um todo não é só falar sobre personagens, é uma forma de resgatar nossas raízes e ensinar às crianças sobre a riqueza cultural do Brasil. O livro, adotado 5 anos seguidos pelo Programa Nacional do Livro e do Material Didático (PNLD), destaca essa importância ao oferecer uma vasta gama de atividades que permitem que pais e educadores mergulhem nesse universo folclórico, transformando o aprendizado em uma experiência envolvente e significativa.
Ampliar o saber
Além disso, Paula acredita que as escolas desempenham um papel crucial ao incorporar o folclore em suas práticas pedagógicas, promovendo a valorização das nossas tradições desde cedo. “Ao incluir o Saci e outros personagens nas conversas com nossas crianças, estamos não só preservando nossa cultura, mas também mostrando que ela é rica e diversa o suficiente para coexistir com outras influências. Isso fortalece a formação de uma consciência cidadã que valoriza a história e as contribuições de todos os povos que formam o nosso Brasil”.
Paula faz uma proposta: que tal aproveitar este 31 de outubro para contar histórias do Saci, criar aventuras e, quem sabe, fazer a festa com um mix de tradição e diversão? “O importante é que os brasileiros saibam que, além das bruxas e fantasmas, temos um Saci travesso, pronto para nos lembrar que o Brasil também tem muito a celebrar!”, brinca a especialista.
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