Entrevistas

ENTREVISTA EXCLUSIVA: Comunicador resgata a essência da música sertaneja com o programa ‘A Viola e a História’

Milton Bardelli contribui para manter viva a tradição da música sertaneja

Foto: Arquivo pessoal

Milton Bardelli contribui significativamente para manter viva a tradição e a identidade cultural do Brasil por meio da música sertaneja

Nossa entrevista da semana é com o comunicador e especialista em música sertaneja, Milton Bardelli. Desde seus primeiros passos no mundo do rádio, até sua consagração como apresentador do programa “A Viola e a História”, Milton tem sido um fiel guardião das raízes e das histórias que permeiam esse universo musical tão querido pelos brasileiros.

Em uma jornada marcada por descobertas, conexões e inúmeros encontros com grandes nomes da música sertaneja, ele compartilha conosco sua visão única sobre a importância de preservar a cultura e a história por trás das canções que ecoam pelos quatro cantos do país.

Acompanhem nosso bate-papo.

Como foi sua jornada desde a formação em jornalismo até se tornar um comunicador especializado em música sertaneja?

Me formei em 2004 na Universidade São Judas Tadeu. Em abril de 2005, comecei a trabalhar em rádio com o comunicador Kaká Siqueira, e assim permaneci fazendo produção para seus programas até o começo de 2019, onde tive a oportunidade de trabalhar em várias emissoras, claro, sempre ao seu lado. E isso foi importante, pois fui conhecendo diversas pessoas de vários departamentos das emissoras que foram me dando a experiência necessária para desenvolver minhas habilidades com o rádio. Em 2019, comecei a apresentar o programa ‘A VIOLA E A HISTÓRIA’.

Poderia nos contar um pouco mais sobre o programa “A Viola e a História” e como surgiu a ideia de homenagear os artistas sertanejos do passado e da atualidade?

Esse projeto começou na época que eu ainda trabalhava com o Kaká Siqueira, e nós estávamos na Rádio Terra 1330 AM/SP. Ele teve a ideia, e eu desenvolvi. O programa precisava de um patrocinador e foi oferecido para algumas empresas. O Creme MD acreditou no projeto e começou a patrociná-lo.

Quais são os critérios que você utiliza para selecionar os artistas que serão homenageados em seu programa?

Primeiro tem que ter uma história de sucesso, por isso os homenageados são artistas que já estão consagrados dentro desse universo musical. A maioria dos artistas que realizamos as homenagens já está em destaque há alguns anos. Mas há exceções, como o caso da Ana Castela, o novo fenômeno da música sertaneja. E também, dependendo da emissora, deve se respeitar a linha editorial. Têm emissoras que só tocam artistas mais antigos. Outras, mais atuais. Todos esses fatores a gente tem que levar em consideração.

Como você enxerga o papel da música sertaneja na cultura brasileira e qual é a importância de preservar a história desses artistas?

A música sertaneja tem várias vertentes: a raiz, a clássica, a romântica, universitária… mas os modões raiz, como a gente fala, tem um papel fundamental na nossa cultura porque ela por si só conta a nossa história. Seja uma tradição cultural, seja a história de uma localidade, uma cidade. Ela por si só faz esse papel cultural. Ainda pelo interior do Brasil tem emissoras que preservam esses modões, ou seja, preservam a nossa identidade sertaneja. Mas isso, infelizmente, tem diminuído de intensidade por interesses comerciais apenas. Por isso que o nosso programa acaba tendo seu sucesso porque, às vezes, em determinada região que temos o nosso programa, a gente acaba tocando o que poucos tocam. E o melhor: contando a nossa história, ou seja, preservando.

Você poderia compartilhar conosco alguma história ou curiosidade interessante sobre um artista sertanejo que você já homenageou em seu programa?

Ah, tivemos algumas experiências nessa questão, e ainda bem, todas positivas. Vou citar algumas. Nós estávamos fazendo uma homenagem para a dupla Dino Franco e Mourai no ano de 2021, se não me engano, pela Rádio Prata 104,9 FM. E aí eu recebi uma mensagem da sobrinha do Dino Franco falando que estava ouvindo a homenagem pra ele. Ela até deu outros detalhes que acabei incluindo na história dele. Outra situação aconteceu com a dupla Adalberto e Adriano, no qual estava fazendo o especial deles pela Rádio Integração do Vale 105,1 FM, e o Adriano (atual) também estava ouvindo o programa. Ele acabou me ligando e passamos a trocar algumas mensagens. E assim foram algumas situações. Mas já aconteceu com outros artistas como, por exemplo, Nestor e Nestorzinho, Leide e Laura, Matogrosso e Mathias, Abel e Caim, entre outros.

Como é o processo de pesquisa e preparação para apresentar as histórias dos artistas durante o programa?

Basicamente, fazendo pesquisas na internet e também por meio de contatos com o pessoal do meio sertanejo. Como o programa tem um tempo relativamente curto (55 minutos), nós temos que ter uma atenção de passar o maior número de informações da história do artista num curto espaço de tempo.

Com a experiência adquirida ao longo dos anos, qual é sua opinião sobre o atual cenário da música sertaneja no Brasil?

Infelizmente a música sertaneja da atualidade, no meu ponto de vista, perdeu um pouco essa essência de se contar a nossa história através da canção, visando mais essa parte comercial. Claro que existem artistas novos que são muito bons e cantam “a verdadeira” musica sertaneja. Mas hoje em dia, se visa muito apenas a parte comercial, infelizmente.

Além do programa de rádio, você está envolvido em outros projetos relacionados à música sertaneja?

Não. Atualmente só envolvido com o rádio mesmo. E aproveito para convidar os amantes da música sertaneja raiz para ouvir ‘Viola e a História’, e podem me seguir no @miltonbardellioficial

Como você vê o papel das rádios na promoção e divulgação da música sertaneja, especialmente nas regiões onde seu programa é veiculado?

O rádio é o termômetro do que é bom ou ruim. A gente sabe que a indústria cultural tá muito presente nesse tipo de mídia. Mas é o ouvinte que vai ditar o ritmo do sucesso de alguém, ou de uma canção. E no nosso programa, agente sente bem essa percepção do ouvinte pois não temos nem tipo de compromisso musical e o ouvinte tem total liberdade para pedir a canção que quer ouvir do artista homenageado. A gente acaba aprendendo muito com eles.

Quais são seus planos e expectativas para o futuro do programa “A Viola e a História” e sua contribuição para a preservação da cultura sertaneja?

Expectativa de expandir cada vez mais esse projeto pra realmente ter cada vez mais gente ouvindo a nossa história, a história da música sertaneja e mostrando que ela é vasta, com várias vertentes que abrange cada época diferente de nosso país.

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