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ENTREVISTA EXCLUSIVA: Conheça Kleber Oliveira, um profundo conhecedor da cultura caipira

Kleber Oliveira tem o dom de levar a mensagem sertaneja ao público

Foto: Juan Ribeiro

No comando do Programa ‘Terra da Padroeira’, exibido aos domingos pela TV Aparecida, ao lado de Tonho do Prado e o Menino da Porteira, Kleber Oliveira tem o dom de levar a mensagem sertaneja ao público

Kleber Oliveira, nascido nas raízes da cidade de Cunha, no interior de São Paulo, é um nome notável no universo sertanejo brasileiro.

Sua trajetória reflete a profunda influência de sua origem caipira e o amor pela música que o acompanha desde a infância. Ao longo de sua carreira como locutor, apresentador e cantor, Kleber consolidou-se como uma figura carismática, conectando-se com o público e mostrando toda sua simpatia no programa “Terra da Padroeira”, exibido todos os domingos pela TV Aparecida.

Em nosso bate-papo, Kleber compartilha experiências marcantes, desde os tempos de peão de rodeio até os desafios e conquistas que moldaram sua jornada no cenário da música sertaneja.

Você nasceu em Cunha, interior de São Paulo. Como essa origem influenciou sua carreira como locutor e apresentador no meio sertanejo?

O fato de eu ter nascido numa cidade pequena, no interior de São Paulo, cidade de Cunha, trouxe grande influência para a minha carreira, como apresentador e como cantor também. Porque é uma região rica culturalmente, falando da cultura rural. Ali eu aprendi muito sobre religiosidade, sobre folia, os foliões, sobre a música caipira. O meu avô foi catireiro e me ensinou a dançar catira. Enfim, é realmente um berço muito forte do sertanejo onde eu nasci.

E minha família tinha sanfoneiros, cantores e assim a gente foi tendo essa vivência com a música sertaneja, o que me trouxe uma bagagem muito grande para o programa. Lições que não são decoradas, que não são aprendidas no banco de uma faculdade, mas sim que precisa vivenciá-las da forma como eu vivenciei na minha infância, ao lado da minha família, no bairro onde eu nasci, no Samambaia, na Estância Climática de Cunha. Então, grande parte do que coloco hoje nos palcos, tanto do Terra da Padroeira como nos shows, é vivência da minha infância, o que eu aprendi com a minha família nessa tradição cultural muito grande, que recebi dos meus parentes e do local onde eu nasci.

Como foi a descoberta da sua vocação para ser locutor e apresentador? Pode nos contar sobre o momento em que foi convidado para narrar um evento de rodeio e percebeu seu dom para levar a mensagem sertaneja?

Desde menino, esse lado artístico da música sertaneja, de cantar, de apresentar já fazia parte de mim. Porque me lembro que, às vezes, brincando no pasto, brincando de laçar o cavalo, de montar no bezerro no pasto, eu achava joá, um pé de espinho que nasce no campo e ele dá umas bolas verdes. Eu as pegava e colocava num pedacinho de galho de árvore e fazia de conta que era um microfone. Ali eu cantava, imitava o Silvio Santos… Então, já tinha essa aptidão para o meio artístico. Com 14, 15 anos de idade comecei a montar em touros nos rodeios pequenos, e até os 17, 18 anos eu fui peão de rodeio. Um dia faltou o locutor de rodeio, que era o Luizão Paraná, um locutor do Paraná que narrava o rodeio na região do Vale do Paraíba. E com a falta dele, alguém falou: ‘Chama o Kleber! Ele tem uma boa voz, fala para o Kleber narrar!’. E eu ficava imitando os narradores de rodeio, ali atrás dos bretes, narrando do meu jeito. E esse foi o meu primeiro contato com o microfone e desde então não parei mais. Me dediquei bastante à narração de rodeio, depois eu quis fazer rádio, fiz aula de rádio, aprimorei a minha locução, entrei no rádio, trabalhei algumas misturas de rádio, e do rádio fui pra televisão. Na televisão a gente visita as cidades, os palcos do Brasil todo, levando também muita música e alegria para as pessoas.”

Participar de rodeios foi uma parte significativa de sua adolescência. Como essas experiências contribuíram para o seu entendimento da cultura caipira?

O rodeio me trouxe um aprendizado muito grande e eu sofri também um grande choque. Eu vinha daquela cultura caipira, daquele sertanejo típico brasileiro e quando fui para o rodeio, vi que a cultura americana estava muito aprofundada na forma de se vestir a calça jeans, naquela fivela grande que é típica do cowboy de rodeio, no chapéu encurvado, já que o chapéu lá da roça era o chapéu de palha. Então eu tive um choque muito grande de cultura, mas acabei assimilando e aprendendo muito com isso. E eu entendi que aquele caipira, aquele sertanejo que eu vivenciei lá na roça, já não existia mais. Ele foi se adaptando ao novo mundo. E esse sertanejo agora se vestiu de uma forma diferente, que eram os cowboys de rodeio, onde me identifiquei bastante e acabei adotando esse estilo, inclusive é o que eu uso hoje nas minhas apresentações, tanto no Terra da Padroeira como nos shows que apresento pelo Brasil.

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De rodeios para rádios e, posteriormente, para a TV Aparecida, sua trajetória na mídia é notável. Como foi a transição desses diferentes meios de comunicação e o que você destaca como momentos-chave em sua carreira?

Foi realmente uma mudança muito grande na minha vida. Quando eu deixei de ser peão de rodeio para virar locutor, tive um sentimento de tristeza. Eu queria continuar a ser peão, junto à carreira de narrador de rodeio. Eu até cheguei a fazer as duas coisas, mas um dia eu percebi que não daria certo porque quando eu estava narrando estava alegre, tinha festa, tinha vida. Mas quando eu fui montar não tinha ninguém para narrar a minha montaria e ficou só tocando música naquele momento. Então eu entendi que tinha que ser apenas narrador. Depois disso, deixei de ser peão, virei narrador de rodeio e me dediquei mais a isso.

Quando eu fui para o rádio foi outra decisão difícil que eu tomei. O rodeio tem uma temporada. Na verdade, aqui no Brasil, tem uma temporada de inverno, quando não tem chuva, pois quando chove demais não tem como fazer festa. A arena vira um barro e uma lama só, aí não tem como praticar o rodeio. Eu precisava ganhar dinheiro e fazer o meu pezinho de meia, pois a gente trabalhava bastante na época de rodeio, naquela temporada, e depois ficava alguns meses sem trabalho. Então tinha que ter uma outra opção, uma outra coisa para fazer e poder ter um ganho. Foi quando eu tive a ideia de fazer rádio. Pensei em deixar o rodeio e ir para o rádio, pelo menos no rádio eu teria um fixo todo mês. Não foi fácil essa transição, porque a narração é diferente.

O rodeio é mais gritado, é mais cantado! E no rádio precisa de uma voz mais mansa, mais colocada, tem que dar interpretação e as pessoas têm que entender o que você fala. Mas a virada de chave na minha carreira, na minha vida, mesmo, foi quando eu fui para a televisão. E é algo que eu não esperava, que eu não planejava na minha vida, porque quando eu entrei na Rádio Aparecida eu achei que era ali mesmo que eu ia ficar e pronto, onde eu ia encerrar e me aposentar como locutor de Rádio, pois era um grande sonho trabalhar ali, pela devoção que eu tenho à Nossa Senhora Aparecida. Mas quando eu cheguei na rádio estava tendo a mudança do prédio, a adaptação dele para chegada da TV. Foi, então, quando o Padre César me fez o convite para apresentar um programa sertanejo. De imediato eu recusei, não queria fazer o programa, fiquei com medo. Tinha muito medo de televisão! E depois o Padre César insistiu um pouco mais e eu acabei aceitando, e fui viver essa experiência achando que não ia dar certo. E lá se vão 18 anos.

Então, realmente a grande virada de chave da minha carreira foi quando eu entrei na televisão, quando eu fiz o primeiro programa. De lá eu percebi que a minha vida ia mudar, que a minha carreira ia ter uma notoriedade ainda maior, que eu poderia ajudar os meus familiares, que só dependia de mim pra ser diferente, pra fazer sucesso, pra ajudar as pessoas. Aí eu dediquei tudo que eu tinha pra televisão e hoje nós estamos lá, caminhando para os nossos 19 anos, agora em 2024. São muitas bênçãos de Nossa Senhora. Só tenho a agradecer a todas as pessoas que passaram pela minha vida, que me incentivaram e me deram essa oportunidade!

O Terra da Padroeira está no ar desde a inauguração da TV Aparecida, em 2005. Como é comandar a atração há tantos anos?

Apresentar o Terra da Padroeira é uma alegria enorme, já que eu aceitei como uma missão na minha vida. São tantas pessoas nos assistindo… Temos o homem do campo, o sertanejo, aquele que tem o sangue caipira nas veias e pessoas que deixaram suas terras para tentar a vida na cidade grande. E para eles contamos histórias, apresentamos canções que lembram a infância, os pais, trazendo boas memórias ao ouvir uma música caipira. Sabemos como nosso trabalho é importante, fazemos com que essas pessoas tenham algumas horas de entretenimento, de alegria e emoção.”

O Terra da Padroeira é uma referência no meio sertanejo e uma das maiores audiências do canal católico. O que você acha que torna o programa tão especial, duradouro e atraente para o público ao longo dos anos?

Nesses 18 anos, nós conquistamos um lugarzinho especial no coração do telespectador da TV Aparecida, principalmente do público sertanejo. Eu atribuo o sucesso a dois fatores: Primeiro à religiosidade, fé e devoção à Nossa Senhora. Nós aproveitamos os espaços que temos para evangelizar, para levar o amor de Maria até as pessoas. E em segundo lugar à simplicidade do programa, falando a língua do sertanejo, valorizando o homem do campo, resgatando a cultura caipira.

Sabemos que você é devoto de Nossa Senhora. Como essa devoção influencia sua vida pessoal e profissional, especialmente no contexto do programa católico Terra da Padroeira?

Sou, de fato, um grande devoto de Nossa Senhora, apaixonado por Maria. Essa devoção, que vem de berço, eu aprendi com os meus pais e só aumentou ao longo dos anos, principalmente quando eu passei a fazer parte da equipe da Rádio e TV Aparecida, onde tive um encontro maior com Nossa Senhora. Ali eu me senti escolhido, um filho especial que ela escolheu para desempenhar um papel fundamental na evangelização e na divulgação da fé. E isso influi bastante na minha carreira, porque tudo que eu faço é pensando se Nossa Senhora vai achar bom, se será algo que vai acrescentar na vida de alguém. E essa mesma devoção eu trago para dentro de casa, pois vivemos isso em família. Portanto, tudo que sou e tenho, devo à Nossa Senhora. A minha profissão, a minha carreira como cantor e apresentador, a minha família. Então, Nossa Senhora tem uma importância fundamental na minha vida. E eu sou muito feliz por ter Nossa Senhora como a minha mãe, como a minha padroeira, como a minha intercessora.

Ao longo de sua carreira, certamente houve desafios. Quais foram os momentos mais desafiadores e as maiores conquistas que marcaram sua jornada como locutor e apresentador?

A minha vida inteira foi feita de grandes desafios. Desde o meu tempo de infância na roça, até os dias de hoje, a gente tá sempre enfrentando e superando os desafios com muita fé. Bom, na roça porque eu tinha que juntar o gado no pasto de madrugada, durante o inverno, no frio de 5°C, apenas com um short e uma camiseta. Não tinha condições de comprar um par de sapatos, uma blusa quente. Meus pais eram bem pobres, muito simples. Lembro que eu chegava lá no curral todo encarangado (quer dizer que estava com frio). Meu pai me tirava de cima do cavalo e fazia uma fogueirinha para ir esquentando para depois ajudá-lo a tirar o leite. Isso eu tinha sete anos de idade. E ir para a escola também foi um desafio. A escola era longe, tínhamos que caminhar vários quilômetros a pé para chegar até a nossa escolinha. Então, eu aprendi desde pequeno a superar todos os obstáculos, os desafios que foram colocados em meu caminho. Mas eu acredito que, na minha carreira como apresentador de televisão, o maior desafio que eu tive que vencer foi a minha gagueira, e também a minha timidez.

Um rapaz simples, de família humilde, criado na roça, muito tímido e ainda por cima tinha gagueira. E tive que superar tudo isso para ser locutor e apresentador de rádio. Depois eu fui para a televisão e foi outro desafio! Nunca tinha entrado num estúdio de TV. Recentemente, olhando um pouco para trás, foi a pandemia. Nós tínhamos que apresentar o programa, mas não poderia ter aglomerações, receber os artistas no palco e nem como ter a plateia. Foi quando eu tive a ideia de usar uma casinha que eu tenho aqui no sítio. E a equipe veio pra cá, o Tonho, Menino da Porteira, cinegrafista, diretor. A gente gravava histórias no sítio e pedia para os artistas gravarem a música de suas casas. Para fazer a edição, juntava tudo aquilo para então, virar um programa. E conseguimos colocar o Terra da Padroeira no ar, mantendo a audiência sem precisar reprisar o programa. Então tivemos que ter muita criatividade para superar mais esse desafio em nossas vidas, com as bênçãos de Nossa Senhora.”

Como você vê a evolução do sertanejo ao longo dos anos, especialmente com a ascensão do sertanejo universitário? Em sua opinião, de que maneira esses subgêneros contribuíram para a expansão e diversificação da música sertaneja?

Na verdade, a música, não só a sertaneja, mas a mundial, vem sofrendo uma grande transformação. Eu vejo da seguinte forma: dentro da música sertaneja a transformação ajudou a ganhar novos espaços. E as pessoas, dentro do segmento sertanejo, respeitam a música raiz. Eu, por exemplo, sou um cara que gosta de música raiz, mas não tenho nenhum tipo de preconceito com a música atual. Eu vivo música, eu a respiro. E acredito que toda música tem seu momento. Gosto, pela manhã, de ouvir uma música bem raiz, de tarde já gosto de um sertanejo mais romântico, como Jorge e Mateus. Meu estilo é raiz, valorizo quem abriu a estrada para podermos passar por ela, porém aprecio outros estilos dentro da música sertaneja, que são bem cantadas e produzidas, elas realmente transformam nosso dia e a nossa forma de viver. A música penetra nossa alma e tem esse poder de transformar. Não tenho nenhum preconceito com os novos cantores e novos sons, mas meu coração está na música de raiz.

Considerando suas raízes na cultura caipira, como você percebe a preservação do sertanejo raiz nos dias de hoje? Quais são os elementos do sertanejo tradicional que você considera importante de serem mantidos?

Faço o que eu amo na televisão e nos palcos, apresentando as modas sertanejas e o Terra da Padroeira. E nos momentos de folga fico na roça, me permito trabalhar lá, com a minha família. Subo no trator, planto e colho milho, cuido do gado, isso tudo junto dos meus filhos, o José Márcio (1 ano e 8 meses) e José Kleber (7 anos). Minha esposa e eu ensinamos aos nossos filhos os valores da vida simples, sem luxo, na roça, com tudo que a terra oferece. É uma vida que a gente se diverte, gravamos vídeos nas redes sociais, no meu canal do YouYube, que é todo voltado para vida no campo. É por isso que eu digo que minha vida é duplamente abençoada, porque faço o que gosto, o que me dá prazer, tanto nos palcos como na roça, tirando o sustento da minha família. Sou muito grato a Deus por ser abençoado dessa forma.

Nos últimos anos, temos visto um aumento notável da participação das mulheres na música sertaneja, também conhecido como feminejo. Como você enxerga essa mudança e qual é o papel das mulheres na cena sertaneja contemporânea?

É cada vez mais notável a presença feminina dentro da música sertaneja, mas também em todos os setores de trabalho. A mulher está chegando firme, mostrando que ela é capaz. Isso é admirável! Eu fico muito feliz e quero que continue assim. Inesita Barroso, em 1937, gravou a música ‘A Marvada Pinga’. Nessa época já tinha aquele preconceito com a música sertaneja e a mulher ficava mais isolada, reservada. Mas ela foi corajosa, gravou a música e imagina o quanto de crítica que ela sofreu naquela época?!

Mas enfim, essa música se tornou um grande sucesso e inclusive inspirou a Bruna Viola, que é uma jovem do meio sertanejo, violeira, que canta muito e que regravou essa canção, se tornando sucesso também. Então eu vejo que Inesita Barroso foi a grande inspiradora de tantas mulheres que hoje estão tocando viola e cantando moda sertaneja. Isso é muito importante! São todas bem-vindas no nosso programa. Nós mostramos o talento das mulheres, dos homens, das crianças, dos jovens. Enfim, a gente quer mostrar que o nosso Brasil é riquíssimo em cultura e tem muito talento a ser mostrado. E claro, as mulheres violeiras, as mulheres cantoras de moda sertaneja também são muito presentes em nosso programa. A gente fica muito feliz de poder abrir espaço e mostrar o talento maravilhoso que o nosso país tem.

Vemos cada vez mais colaborações entre artistas do sertanejo e do feminejo. Como você avalia essas parcerias e a importância delas na promoção da diversidade musical na cena sertaneja?

O meio sertanejo é um meio muito unido. São pessoas que se respeitam e se unem nos momentos difíceis. E os artistas sertanejos também são assim, se unem para ficarem mais fortes! Então, é muito legal essa colaboração entre eles. A gente vê aí que são várias vertentes da música sertaneja e que sofreu muitas alterações ao longo dos anos. Ela foi se transformando, mas, ao mesmo tempo, ela caracteriza o homem do campo, a pessoa que está apaixonada, ela fala de amor, ela fala das coisas da roça, da natureza, fala de Deus. Enfim, é uma forma que nós sertanejos encontramos uma forma de expressar o nosso sentimento. E a união do meio sertanejo faz com que a música vá mais longe e, dessa forma, o artista possa voar mais alto. Eu acho muito legal essa união, essas colaborações que são feitas entre os artistas, as duplas masculinas com as duplas femininas, os cantores solos com as duplas sertanejas, que fazem essa união, essa parceria. Eu mesmo acabei de fazer uma parceria muito legal com o Gabriel, da dupla Zé Henrique e Gabriel. E a gente vai juntando, porque aqueles que acompanham o Zé Henrique e Gabriel, que acompanham o trabalho do Gabriel, vão passar a acompanhar o meu trabalho também e vice-versa. Então a gente achou uma forma de unir o útil ao agradável, de fazer o que gosta, ao lado das pessoas que a gente gosta, e deixar com que a nossa obra, a nossa música, ela chegue a mais pessoas. Então, uma forma sensacional de fazer com que a música seja tocada nas rádios, nos meios de comunicação, na internet, essa parceria que rola aí entre o meio sertanejo.

Quais desafios as artistas femininas ainda enfrentam na música sertaneja e quais oportunidades você vê para o crescimento contínuo da presença das mulheres nesse gênero?

Antigamente existia bastante preconceito com a mulher dentro da música sertaneja. Era vista de uma forma muito diferente. Mas hoje não! Acredito que não exista mais esse preconceito. A mulher chegou e disse: vim para ficar! E ela estava fazendo falta. Hoje, graças a Deus, existem muitas duplas femininas e cantoras sertanejas e violeiras que ‘botam para quebrar’ e que realmente fazem muito bem-feito, e eu tiro o meu chapéu! Eu acho que a dificuldade que o músico tem hoje é igual pra todo mundo, né? Alcançar o sucesso e depois disso se manter no sucesso. Antes você se preocupava em gravar discos pro rádio. Depois veio a televisão e você tinha que se preocupar além do disco, com a sua imagem. Em estar bem pra aparecer na televisão. Hoje, além disso, também tem as redes sociais. E é muito rápido. Então você lança uma música, aquela música se torna sucesso da noite para o dia, alcança milhões de visualizações, e de repente já tem outra música chegando. Essa é a dificuldade do artista: é você se manter no sucesso. É você colocar uma música para tocar e já ter uma outra preparada para entrar logo em seguida. Então são poucos os artistas que conseguem, na verdade. Mas enfim, a dificuldade acaba sendo a mesma para todos os artistas, tanto o masculino quanto o feminino. O jeito é a gente apertar os cintos e tentar um lugarzinho ao sol, né? Porque espaço tem pra todo mundo!

Olhando para o futuro, existem novos projetos ou desafios que você planeja explorar em sua carreira?

Esse ano eu quero me dedicar mais à minha carreira como cantor, então estou fazendo aula de canto para me aprimorar, para aprender mais sobre isso. Esse é o universo que eu entrei e gostei demais, cada vez mais me apaixono por estar nos palcos, cantando a música sertaneja e, junto com isso também, estou aprendendo a fazer composições. Eu fiz uma composição junto com o Fabinho da Viola e já lançamos, que chama ‘Essa Paixão Bateu’ e recentemente eu compus, em parceria com um amigo Marcelo Bonilha, uma música em homenagem ao João Carreiro. O João Carreiro sempre foi um grande amigo meu, amigo do Terra da Padroeira, visitou minha casa, enfim, a gente mantinha uma relação de parceria muito grande. Senti demais o seu falecimento e foi uma morte repentina que abalou o meio sertanejo, inclusive a minha família. Então, resolvi compor uma canção em homenagem a ele chamada ‘Anjo Caipira’, da qual participei da composição, da letra e da melodia e gravamos um clipe muito bonito. É um projeto que a gente se dedicou bastante para homenagear o grande violeiro João Carreiro. Homenagem merecida pelo grande amigo que ele foi, ele era realmente um verdadeiro cristão, uma pessoa que lutou com a depressão e venceu porque tinha fé. Então no início de março esse projeto já estará sendo divulgado nas mídias e tudo mais. E para o mês de abril, vou lançar uma música que tem a participação do Gabriel, que canta junto com o Zé Henrique, a dupla Zé Henrique e Gabriel. Eles se separaram por um período, mas voltaram à dupla e estão cantando juntos novamente. Estão bombando, o maior sucesso! E o Gabriel participa comigo. A letra é do Gabriel e se chama ‘No Passo do Caubói’, uma música country pra dançar, bem do meu estilo mesmo do sertanejo. Então são esses os projetos para esse ano que chegou com tudo e a gente está com muita vontade de trabalhar, de dançar, de mostrar que a gente está aqui de peito aberto, com o coração cheio de amor para poder abraçar a música sertaneja.

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