Foto: Mauricio Antonio
Cheio de sonhos, cantor pretende gravar um projeto mais raiz para reverenciar as pessoas que pavimentaram a estrada que o sertanejo caminha hoje, e quem sabe um dia dividir o palco com Daniel
Em entrevista exclusiva para o Festanejo, Juninho Campos compartilha detalhes fascinantes sobre a criação dos seus projetos musicais.
Em meio às revelações sobre parcerias com artistas renomados e a diversidade musical que caracteriza seu trabalho, o cantor reflete sobre os desafios ao longo dos mais de 20 anos de carreira e os sonhos que alimentam seus próximos passos na música.
Confira a entrevista e saiba detalhes da vida desse artista talentoso e carismático que, com certeza, vai conquistar muitos corações sertanejos Brasil afora.
Como surgiu a inspiração para criar o EP “Nosso Tempo”? Existe uma história por trás do título do EP? Por que escolheu esse nome? Qual é a principal mensagem que as faixas transmitem?
O “Nosso Tempo”, projeto áudio visual, foi muito aflorado durante e após a pandemia, na verdade. Mas, já era uma pauta muito recorrente assim na minha vida. Acho que a distância dos meus pais, o fato de não morarmos na mesma cidade, sempre foi uma pauta bastante recorrente no sentido de aproveitar melhor o tempo que estamos perto das pessoas que amamos. Acredito que a pandemia deixou isso mais evidente para todo mundo, que o nosso maior ativo realmente é o tempo. Eu imaginava que algumas pessoas iam se deslocar para estar junto nesse DVD, e eu quis construir essa atmosfera para dizer que aquele era o nosso tempo, um tempo de deixar as coisas ruins do lado de fora e realmente poder contemplar algumas coisas que tragam prazer, alegria, e que, de alguma forma, acolha os nossos anseios. Acho que essa foi uma inspiração.
A mensagem, no fim das contas, tenta levar e evidenciar que aquele lance da relatividade do tempo, talvez se refira a isso: Que quando a gente tá vivendo alguma coisa que nos incomoda, parece que o tempo passa devagar. E quando tá tudo bem, passa muito rápido. Temos que fazer o possível para estar tudo bem mais vezes, e fazer o possível para que esse tempo também não precise voar. Que a vida seja de paz e de tranquilidade. Tem que estar tudo bem, tem que estar feliz o máximo possível.
Acredito que essa é a ideia, um DVD para cima que fala de amor e de coisas boas.
Como foi trabalhar com a dupla sertaneja Felipe e Rodrigo na faixa “Vai Trouxa”? Como essa colaboração aconteceu?
Tivemos algumas participações no DVD. A primeira foi com Felipe e Rodrigo. Eles foram supergenerosos e estão vivendo um momento muito legal. A “Média Boa” foi um sucesso estrondoso nacional, o “Oceano”, que é deles, está tocando muito com a Simone. Então, esse momento deles é óbvio que colabora muito com a gente.
Quando fizemos o convite, eles aceitaram de imediato e adoraram a música, são grandes compositores. Arrisco dizer que a maioria das músicas estouradas hoje no Brasil tem a participação deles. A colaboração deles, só enriqueceu o nosso trabalho. Sou fã dos meninos e só tenho a agradecer.
Assista ao clipe de “Vai Trouxa”:
Houve alguma colaboração especial ou desafios interessantes durante a produção do EP?
Sempre tem na execução de um projeto. Vamos escalando e superando os desafios um a um. Nesse momento da carreira, acho que o maior desafio era conciliar a agenda de shows com a gravação do DVD. Ficamos com pouco tempo para pré-produção, que exige muito. O outro desafio é a escolha de repertório, que também não é uma tarefa fácil. A gente tinha um repertório longo. Foi um pot-pourri de regravação e foram 10 inéditas. Acho que os desafios se resumiram a isso.
Óbvio que escolher o local, pensar no público presente, como receber esse público, pensar no cenário, tudo isso também são degraus talvez menores, mas também são desafios a serem superados. Mas, o resultado do trabalho fala por si só, acho que a gente foi muito feliz nas escolhas e na execução.
O EP parece ter uma variedade de estilos, desde arrocha até pegadas mais pop. Como você descreveria a diversidade musical presente no projeto?
Voltando ao repertório, quanto a ter essa diversidade musical, eu acho que isso é uma característica muito própria do sertanejo, que vai admitindo muitos ritmos para si, sejam os ritmos latinos, como a bachata, como outrora foi o bolero, a guarânia, e mais recentemente o reggae e o pagode.
O sertanejo vai se empoderando e vai tomando para si alguns ritmos, e por isso que o sertanejo é uma cultura, não é um ritmo. Isso nos ajuda bastante, essa diversidade musical eu acho que faz parte da nossa cultura sertaneja e faz muito sentido, além de fazer parte da minha formação também. Eu toquei muito tempo na noite e fazia os bailes sertanejos e tocava muito pop, MPB para sobreviver nos bares, então acho que essas influências estão todas aí.
Há algum gênero musical específico que você gostaria de explorar em futuros projetos?
Quanto ao sonho de um projeto futuro, eu idealizo muito! Primeiro que um grande sonho eu realizei recentemente, que foi gravar um DVD em Campos do Jordão, que é a minha terra natal. Gravei no último dia 21 de novembro o DVD chamado “Identidade”, é mais um projeto que vem aí na sequência, assim que a gente terminar de lançar “Nosso Tempo”.
“Identidade” traz muito das minhas influências, gravei no calçadão de Capivari, no cartão-postal de Campos, onde eu toquei durante muito tempo em todos os bares. É uma alegria muito grande e uma realização em poder voltar em Campos com essa estrutura e com essa bagagem que a gente buscou nesse Brasil afora, poder falar das minhas influências, reunir as pessoas que realmente fizeram a diferença na minha vida naquele primeiro momento.
E agora, um outro sonho que eu tenho é de poder gravar um projeto mais raiz, reverenciando aí as pessoas que pavimentaram a estrada que o sertanejo caminha hoje. Então, esse é um projeto que eu deixo na manga pra gente poder algum dia trazer à tona.
O EP é uma prévia do álbum “Nosso Tempo”. O que os fãs podem esperar do álbum completo em termos de estilo e temas?
Voltando ao projeto “Nosso Tempo”, soltamos uma faixa agora. O primeiro EP ainda tem bastante coisa para soltar, tem mais participações e acho que esse é um grande lance aí do projeto. Tem o Adriano Rhod, que é autor da “Duas Três”, uma música que tá entre as mais tocadas já há muito tempo. Adriano participou comigo numa moda muito bacana e romântica, muito legal.
Tem a participação da Paula Mattos, que dispensa comentários. Essa música com a Paula, “Beijo Inocente”, pretendemos trabalhar também nas rádios, é uma música muito bonita.
Tem outras modas sensacionais ainda para chegar para vocês.
Assista ao clipe de “Tempo”:
Como foi a experiência de gravar o álbum em Sorocaba? Isso influenciou de alguma forma o resultado final?
A gente escolheu Sorocaba porque, primeiro, que o escritório que faz os eventos está em Sorocaba, então teríamos algumas facilidades de fornecedores. Segundo que é uma região que a nossa música tocou muito, na verdade tocou bastante. Sendo assim, conseguimos formar um público cativo. A gente também precisava do calor de uma galera que gosta muito de sertanejo, e ali não faltou.
O que mudou depois de sair de Campos do Jordão, em São Paulo, para Angra dos Reis, no Rio de Janeiro?
Minha trajetória conta com essa mudança de Campos para Angra. Angra foi muito providencial na minha vida, porque a partir do momento que eu passei a tocar nos barcos particulares, eu e o meu violão, pude conhecer muita gente e dividir essa violada, por exemplo, com Bruno, Bruno e Marrone, com Sorocaba, Zezé, além de outros nomes da música
Enfim, foi assim que eu fui galgando meu espaço no escritório da Brothers, da família Teló, Teófilo Teló, do Michel. E aí fui direcionado a outro rumo, as coisas foram mudando e fui inserido no mercado.
Angra tem protagonismo muito grande nessa virada da minha vida.
Foram muitos obstáculos nesses mais de 20 anos de carreira para chegar até aqui?
Foram muitos anos fazendo isso, mas parece que foi ontem, sabe? Sempre me perguntam quanto aos obstáculos, mas só encontramos dificuldade nos caminhos que a gente escolhe. Então, sempre fica a sensação de que um outro caminho teria sido melhor, mais fácil, menos subida e mais florido.
É óbvio que os obstáculos são imensos. Venho de uma cidade que é destino, ela não é passagem para lugar nenhum. Isso faz com que a informação, em outros tempos, não chegasse com tanta fluidez assim. Mas, acho que o tempo de Deus é diferente do nosso e faria exatamente tudo de novo. Sou muito grato a tudo que aconteceu, à vida que a gente tem e as conquistas, e os obstáculos estão aí para nos fortalecer. A gente tem que superar um a um, seja mais alto ou mais largo e aprender dar um passo maior e pular mais alto. É para isso que os obstáculos servem. Sempre vamos encontrá-los e só deixamos de encontrar se a gente parar de caminhar, e não é o nosso objetivo!
Você já cantou ao lado de grandes nomes do sertanejo. Tem alguém em especial que gostaria de dividir o palco?
Tive oportunidade de gravar e de fazer show com muita gente, que são meus ídolos. Gravei com vários artistas, participei de vários shows, conheci alguns e toquei violão com outros. Mas, tive uma experiência muito bacana à distância com o cantor Daniel, que teve um carinho imenso comigo. Não tive oportunidade de conhecê-lo e tocar junto, mas, tenho muita vontade de fazer isso. Porque o João Paulo e Daniel, Bruno e Marrone me tiraram de casa para tocar, era o único repertório que eu tinha. E o Daniel, quando eu tive oportunidade de fazer um vídeo contando isso para ele, postou esse vídeo nas redes sociais dele e me mandou uns presentes em casa, uma Nossa Senhora linda, inclusive.
Então, por tudo que ele representa como pessoa e como artista, eu gostaria muito de ter a oportunidade de dividir um momento com ele.
Existe algum objetivo específico que você deseja alcançar com sua música neste momento da sua carreira?
Nosso objetivo é amplificar e fazer com que a nossa voz chegue aonde ainda não chegou, e que conquiste novas pessoas. E sempre aumentar esse raio de ação e proporcionar algum bem às pessoas que nos escutam, que participam dos nossos shows. Então, é isso, é tentar chegar a novos horizontes no Brasil, buscar e formar novos públicos, mas, sobretudo, uma missão que Deus nos deu, por meio da música tocar a vida das pessoas.
Gostaria de deixar alguma mensagem para os fãs?
Aos fãs e amigos que nos incentivam e que, na verdade, são a razão disso tudo existir, um beijo enorme. Que Deus abençoe muito a vida de vocês, que possam retribuir com sua generosidade indescritível todo esse carinho que vocês emanam para gente. ‘Tamo’ aqui sempre. A nossa relação não é de artista para fã, a nossa relação é de um amigo para o outro. Estamos aqui sempre à disposição de vocês.
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