Entrevistas

[EXCLUSIVO] Terapeuta observa os efeitos de um coração partido durante o Dia dos Namorados

Em entrevista ao Festanejo, Sandra Baldacci faz uma análise sobre os relacionamentos atuais e a sofrência

Ser solteiro não é um problema até a chegada do Dia dos Namorados. Na data, celebrada em 12 de junho, os corações partidos sofrem, e quem ainda não tem um par, sente a solidão falar mais alto. Por esse motivo, o Festanejo instituiu a Semana da Sofrência de 6 a 11 de junho.

O portal convidou a terapeuta de casais e família, Sandra Baldacci, para comentar sobre os efeitos da solteirice na data que é sinônimo de romance. A psicóloga também analisa o contexto das músicas de sofrência e dá dicas para um bom relacionamento.

Está chegando o Dia dos Namorados e os solteiros ficam tristes porque gostariam de ter alguém para comemorar esse dia. Como fugir dessa pressão para não ficar chateado?

Todas as datas comemorativas trazem com elas a pressão de estarmos adequados a esses apelos sociais, então por menos que a gente sinta que precisa estar acompanhado, acaba sendo difícil estar sozinho quando todos estão empenhados em comemorar o famoso “Dia dos Namorados”.

Se até os que querem estar sozinhos, por opção ou por não acharem que precisam de um relacionamento para ser felizes, acabam muitas vezes se sentindo sós, imagine como pode se sentir quem está em busca de um relacionamento. Para fugir desta pressão, sugiro que primeiro temos que perceber o que está nos deixando triste de fato.

Não misture suas frustrações relacionais com a data comemorativa, procure pensar que hoje você pode não estar namorando, mas que haverá muitas outras datas para você comemorar. Veja se é possível transformar sua tristeza em objetivos para o futuro.

Se namorar é o seu desejo, se prepare para seu próximo relacionamento, começando por cuidar muito bem de você. Faça algo muito especial neste dia, mesmo se estiver sozinha(o), tente pensar em algo que te dê prazer e abuse da criatividade.

A ideia é que seja um dia para se cuidar, um dia para fazer muitas coisas boas por você. A pandemia dificulta um pouco o encontro com outros amigos(as) na mesma situação, mas se você preferir não ficar sozinho, sempre é possível confraternizar, mesmo que por vídeo.

Está tudo bem se mesmo assim você ficar triste, mas procure não sofrer em excesso por algo que pode ser temporário. E lembre-se que para estarmos em um relacionamento saudável é preciso primeiro estar bem conosco mesmo, se não corremos o risco de nos apegar a qualquer relacionamento só para não ficarmos sozinhos. E estar em um relacionamento ruim pode causar muito mais sofrimento do que estar só!

Sabemos que as relações amorosas atualmente estão em crise. Vemos muita violência, principalmente contra a mulher, nas manchetes dos jornais. As pessoas estão esquecendo o que é o amor verdadeiro?

Eu penso que embora as relações amorosas saudáveis estejam em crise, elas continuam existindo.

O que acontece, a meu ver, é que às vezes, por diversos fatores, como por exemplo, nossa história familiar, nossos medos, nossas escolhas inconscientes, ou até mesmo apressa em estar com alguém, faz com que as pessoas não estejam atentas às relações tóxicas, abusivas ou que não nos trazem felicidade.

A violência contra a mulher não tem nada a ver com amor, muito menos com amor verdadeiro. Amor não agride, não machuca, não ameaça. Isso é posse, desrespeito, relacionamento abusivo. Se você está nesse tipo de relacionamento e não consegue sair, busque ajuda profissional.

Eu acredito no amor, mas no amor saudável, aquele que na maior parte do tempo nos faz sentir felicidade, aquele onde há respeito, cuidado, carinho, cumplicidade e reciprocidade.

Isso é o exemplo de amor verdadeiro pra mim, e penso que ninguém precisa aceitar menos que isso, então, acredito que as pessoas estão esquecendo que em termos de amor não devemos aceitar nada menos do que merecemos e não que estejam esquecendo o que é um amor verdadeiro.

Confira também: Terapeuta analisa os efeitos da sofrência durante o Dia dos Namorados

Teria alguma dica para um bom relacionamento?

Um bom relacionamento é aquele onde a reciprocidade é observada. Ambos devem se dedicar à relação proporcionalmente, em todos os sentidos.

O outro deve vir como um complemento em nossa vida e não alguém que irá nos completar. Para isso eu preciso me conhecer, entender o que eu quero de um relacionamento e o que eu preciso; são coisas diferentes.

Nem sempre o que eu quero de um relacionamento é o que me fará estar em uma relação que me faz bem.

Além disso, um bom relacionamento é aquele que tem uma boa comunicação, aquela pessoa com quem podemos ser nós mesmos, com nossos defeitos e qualidades e que possamos dar conta das dificuldades, aprendendo juntos a se relacionar melhor, sempre cuidando um do outro, com carinho, cumplicidade e dedicação, que cada um possa ter sua individualidade preservada, seus hobbies, amigos, trabalho ou estudos e que possam sempre fazer acordos sobre o que cabe ou não na vida do casal.

Um bom relacionamento não é estático, está sempre em movimento, amadurecendo. Na maior parte do tempo deve nos trazer felicidade e não sofrimento.

O que uma pessoa solteira poderia fazer para conseguir alguém? Quais os cuidados?

Em primeiro lugar você tem que se conhecer, se gostar, saber que tipo de pessoa você merece. Quando estamos nos sentindo bem conosco mesmo, fica muito mais fácil encontrar alguém para se relacionar de maneira saudável.

Existem várias maneiras de encontrar alguém para se relacionar, desde pessoas conhecidas até em sites de relacionamento.

Não tem um segredo, é sempre importante lembrar que não costuma ser fácil achar alguém que se encaixe às nossas necessidades. Eu costumo dizer que é como encontrar uma peça de encaixe de um quebra-cabeça de duas mil peças, por isso é preciso ter paciência, entender que nem sempre aquela pessoa que acabamos de conhecer e por quem nos encantamos será aquela que vai querer ter um relacionamento sério com a gente.

Entender que nem tudo diz respeito a nós, que tem os 50% do outro também é algo bastante importante. Ao conhecer alguém é preciso deixar claro o que esperamos daquele encontro e não insistir em relações que parecem não nos trazer aquilo que precisamos.

Não desista de novas relações por decepções amorosas, cuide do seu sofrimento e depois se reequilibre para começar de novo. Não tenha medo do amor, tenha medo do desamor, e este só é percebido na medida em que nos relacionamos.

Enquanto não encontra a pessoa certa, paralelamente cuide de você, da sua felicidade, pois desta forma ficamos mais abertos a enxergar todas as boas oportunidades.

A música moda sofrência é uma resposta aos amores que não deram certo. Já nos explicou em sua entrevista anterior o porquê dessa música fazer sucesso. Mas a música está ajudando ou passando uma ideia de vingança para quem levou um fora?

Penso que a música reflete a realidade das relações difíceis e das decepções amorosas, do quanto é profundo o sofrimento que algumas relações podem nos trazer.

Pelas músicas de sofrência, nos identificamos com o nosso próprio sofrimento e podemos aos poucos ir passando por ele, como se a música nos acolhesse. E vamos passando pelo nosso sofrimento por meio do sofrimento descrito nela.

Penso também que cada pessoa vai internalizar a música de uma forma diferente, alguns de maneira à ressignificar o sofrimento, para outros um jeito de fantasiar uma possível vingança. Mas, na verdade, não é a música que cria esse sentimento, ela apenas encontra e acolhe o sentimento que já está presente em cada um de nós.

O Dia dos Namorados é uma data, como tantas, que visa o mercado de compra de presentes. Fora o presente em si, qual seria o melhor presente para um namoro?

O melhor presente é aquele que o outro quer ganhar e não aquele que eu gostaria de dar. Isso vale para coisas materiais e afetivas.

Então, a compreensão daquilo que está faltando para o outro na relação, e o que eu possa de alguma forma ajustar esta falta, pode ser o melhor presente que um namoro pode receber.

Carinho, cuidado, cumplicidade e reciprocidade são sempre super bem-vindos e necessários para qualquer relacionamento saudável.

Uma coisa que as pessoas que chegam ao consultório costumam comentar também é de não se sentirem queridas e como isso é importante. Então se você gosta dessa pessoa, não deixe de demonstrar, são algumas atitudes que podem fazer toda a diferença em um namoro.

Às vezes, as pessoas por experiências negativas anteriores, têm medo de demonstrar o que sentem e isso pode prejudicar a relação. Então presenteie seu namoro com demonstrações sinceras dos seus sentimentos. Aproveitem, não custa nada!

Datas como essa podem levar à depressão. Se a pessoa entrar nessa depressão, tem alguma forma de escapar?

O apelo de datas comemorativas, como o Dia dos Namorados, pode levar algumas pessoas a uma tristeza profunda sim, dependendo do momento que ela está vivendo, pode ser inclusive o gatilho para uma depressão.

Como eu disse acima, é preciso que a gente procure não misturar nossas tristezas relacionais com a data comemorativa, a tristeza é uma emoção e não há maneiras de a gente não sentir,o possível é achar maneiras de lidar com esses sentimentos, ao cuidar mais de nós mesmos, entender o porquê de precisarmos estar com a outra pessoa para nos sentirmos felizes, entender porque essa tristeza é tão grande a ponto de me deprimir, achar maneiras de ser feliz enquanto aquele amor tão desejado não vem, ou de seguir em frente sem aquele amor perdido.

Quando não conseguimos achar essas respostas ou quando a tristeza passa a nos impedir de levar nosso dia a dia como antes, quando o cansaço é maior do que a vontade de fazer algo prazeroso por nós mesmos, talvez valha a pena buscar uma avaliação profissional com um médico ou psicólogo.

Afinal, não estar namorando pode causar tristeza, mas não precisa ser o que nos define como pessoa sozinha e sim apenas uma data, onde ainda (situação temporal) não encontramos alguém para chamar de meu amor!

Sandra Baldacci: psicóloga e terapeuta de casais e família (CRP 06/79225)

Especialista em relacionamentos, atende em terapia individual e de casais, on-line ou presencialmente, em consultório particular em São Paulo.

Consultório: Rua Edison nº 907 – Campo Belo/SP

WhatsApp: (11) 99481-7630

Instagram: @sanbaldacci_psi

Facebook: Psicologa Sandra Baldacci

YouTube: Sandra Baldacci

COMPARTILHE

One thought on “[EXCLUSIVO] Terapeuta observa os efeitos de um coração partido durante o Dia dos Namorados

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *