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Não aprendi dizer adeus: há 25 anos, o Brasil se despedia de Leandro, dupla de Leonardo

há 25 anos, o Brasil se despedia de Leandro

Foto: Reprodução Movimento Country

Em 23 de junho de 1998, a morte de Leandro causou comoção nacional e foi amplamente coberta na grade de todas as emissoras da TV brasileira

Leandro & Leonardo foram alguns dos artistas que mais mexeram com o sertanejo e a indústria musical brasileira como um todo.

A carreira de sucesso nos anos 1980 e 1990, embalada por hits estrondosos que são amados até os dias de hoje, acabou de maneira tristemente prematura com a morte de Leandro.

No dia 23 de junho, aniversário de 25 anos da morte do cantor, relembre a trajetória de sucesso da dupla de irmãos mais adorada do Brasil.

A carreira de Leandro e Leonardo

Antes de adotarem os nomes Leandro e Leonardo, Emival Eterno Costa e Luís José da Costa trabalhavam na plantação de tomates da família.

Quando percebeu a vocação artística, Luís entrou para a banda Os Dominantes, fazendo covers de Roberto Carlos e Beatles como o vocalista. Seu trabalho ganhou certo destaque em Vianópolis, em Goiás, mas nada próximo da fama.

Em 1983, Luís decidiu abandonar a banda para formar dupla com o irmão Emival, que na época trabalhava em uma farmácia.

Foi nesse mesmo tempo que resolveram escolher nomes artísticos. Um dos funcionários da farmácia tinha acabado de ter filhos gêmeos – Leandro e Leonardo. 

Rapidamente, a dupla venceu um programa de calouros na TV local. Com o dinheiro do prêmio, foram para São Paulo gravar o primeiro álbum. Com tiragem de apenas 500 cópias, o projeto fracassou, mas serviu como cartão de visita para as gravadoras.

Em 1886, “Leandro & Leonardo Vol. 1” foi lançado. Um ano depois, o álbum “Leandro & Leonardo Vol. 2” já estava pronto. A essa altura, eles já eram famosos no meio sertanejo goiano.

O alcance nacional, no entanto, só chegou em 1989, quando lançaram “Leandro & Leonardo Vol. 3” pela gravadora Continental.

O primeiro grande sucesso foi a música “Entre Tapas e Beijos”, escrita por Nilton Lamas e Antônio Bueno. O disco também contava com composições e regravações de artistas já renomados, como Roberta Miranda e Zezé Di Camargo, o que contribuiu para conquistar o público.

O projeto “Leandro & Leonardo” foi lançado em 1990 pela gravadora Chantecler, tornando-se o mais vendido da dupla, com mais de 3 milhões de cópias. As canções “Pense em Mim” e “Desculpe, Mas Eu Vou Chorar” abalaram não somente o circuito sertanejo, mas a música brasileira em geral.

Um ano depois, as músicas “Não Olhe Assim”, “Paz Na Cama” e “Não Aprendi Dizer Adeus” caíram nas graças do público com o lançamento de “Leandro & Leonardo Vol. 5”.

O sexto álbum, de 1992, deu luz a hits como “Esta Noite Foi Maravilhosa” e “Temporal de Amor” – que atravessou as fronteiras e ganhou versão castelhana.

“Mexe Mexe” veio em 1993, enquanto “Dor de Amor Não tem Jeito” foi lançada em 1994. A popular “Festa de Rodeio” fez parte do novo álbum de Leandro e Leonardo, de 1995, junto com a romântica “Eu Juro” (versão em português de “I Swear”, de F.J.Myers e G.Baker).

O décimo e décimo primeiro álbum, de 1996 e 1997, alavancaram sucessos como “Doce Mistério”, “Eu Sou Desejo, Você é Paixão”, “Horizonte Azul”, “Sempre Será” e “Cerveja”.

Também em 97, os irmãos gravaram o clipe de “Essas Mulheres” no Japão, enquanto estavam em turnê, e participaram do Festival Internacional da Canção de Viña del Mar, no Chile.

A doença de Leandro e o fim da dupla

Em abril de 1998, Leandro teve um episódio de desmaio. Quando foi levado para o hospital, fez um raio-X que descobriu um tumor no pulmão tão grande quanto uma laranja.

Após buscar tratamentos no Brasil e em outros países, o diagnóstico concreto foi de tumor de Askin, um tipo raro e agressivo de câncer pulmonar. As chances de sobrevivências eram mínimas.

Ele apareceu pela última vez na sacada de seu apartamento em 1998. Enrolado com a bandeira brasileira, ele demonstrava apoio à Seleção em época de Copa do Mundo.

Leandro faleceu em 23 de junho daquele mesmo ano, marcando o fim da dupla com seu irmão, Leonardo.

Em entrevista à Revista Ana Maria, a assessora de imprensa Ede Cury, responsável pela comunicação da dupla, disse que Leandro morreu sem acreditar que iria morrer. “Tanto que uma das últimas vezes que a gente se viu, ele pegou na minha mão e disse: ‘quem tem fé, voa, e eu vou voar”’, contou. Além disso, a assessora relembrou que, poucos dias antes de morrer, o cantor queria comprar um pedaço de terra no Tocantins para ser um reduto de pássaros. “Uma pessoa que fala isso, não acha que vai morrer!”, disse ela.

Último show

Conforme publicação da Folha de São Paulo, em 24 de junho de 1988, A última apresentação em que os irmãos Leandro e Leonardo cantaram juntos aconteceu em Bragança Paulista (a 80 km de São Paulo), em abril de 88. Depois disso, Leandro não participou mais dos shows da dupla.

Eles participaram do encerramento da 33ª Exposição Agropecuária e da 6ª Festa do Peão de Bragança Paulista, que aconteceu entre 17 e 26 de abril. Segundo a assessoria de imprensa da prefeitura, o show da dupla sertaneja reuniu mais de 40 mil pessoas no recinto de festas Dr. Fernando Costa, o “Posto da Monta”.

Na época, Leandro já havia se manifestado sobre dores sentidas durante uma pescaria, mas ainda não sabia que tinha câncer. Sua presença no show de encerramento da festa em Bragança Paulista foi uma surpresa, segundo os organizadores do evento, que esperavam somente a presença de Leonardo.

Depois do show de Bragança, Leandro não participou mais das apresentações com o irmão para se dedicar ao tratamento.

O legado de Leandro

A morte de Leandro causou comoção nacional e foi amplamente coberta na grade de todas as emissoras da TV brasileira.

Alguns meses após o seu falecimento, o álbum “Um Sonhador”, gravado pelos irmãos há algum tempo, foi lançado e reconhecido com disco de diamante (certificado de 300 mil cópias vendidas).

No mesmo ano, o CD infantil “Leandro & Leonardo Só Para Crianças” chegou às lojas com regravações de músicas clássicas, como “Noite Feliz” e “Se Essa Rua Fosse Minha”.

Em 1999, já em carreira solo, Leonardo lançou o álbum “Tempo”, cuja faixa “Mano” foi feita em homenagem ao irmão. 

Em 2007, o especial “Por Toda a Minha Vida”, sobre a vida de Leandro, foi exibido pela Rede Globo. Vários famosos deram depoimentos emocionados sobre o cantor, como Xuxa, Toquinho, Zezé Di Camargo & Luciano e Chitãozinho & Xororó. Uma reprise aconteceu em agosto de 2016.

O “Especial Leandro & Leonardo”, série documental de 1991, foi reexibido em 1992 e 2012 pela Globo e em 2016 pelo Canal Viva.

Dos 45 milhões de discos que Leonardo já vendeu ao longo da carreira, 30 milhões foram com Leandro.

Não Aprendi Dizer Adeus

A música “Não Aprendi Dizer Adeus” ganhou um novo significado depois da morte precoce de Leandro. Até hoje, a canção é associada ao triste falecimento do talentoso cantor que, junto a seu irmão, revolucionou a música brasileira.

Até hoje, Leonardo lembra e homenageia seu irmão pelas redes sociais e em seus shows, assim como os fãs.

É comum que os admiradores do artista visitem seu túmulo em Goiânia, Goiás, no dia de sua morte, com coroas de flores, cartas, velas, fotos e presentes.

Essa é a prova de que mesmo depois de tantos anos, Leandro ainda é capaz de mexer com o coração do público como poucos artistas fizeram. 

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